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Sabor de Caju

Sabor do Cajú

Hoje comi um caju…
Ora, e vejam só, que sabor especial
É néctar de nostalgia, de infância, de um passado vivo
um sabor que remonta aos terreiros do sertão,
habitat da poesia,
berço salutar da simplicidade, dos carinhos da vovó.
Carreiras de pés descalços sobre a relva,
terraço dos animais…
Sabor de paz, de felicidade e gratidão.
Nunca mais verão outra forma de viver,
Nunca mais virão dias tão longos de inspiração…
O orvalho das manhãs,
O assoviar matutino do corrupião,
jamais esquecido pelo menino,
filho pródigo do sertão.

Hênio Aragão

Amar Sempre Mais

Quero te ver em cada segundo durante o dia em meus pensamentos…
quero te ver em cada segundo durante a noite em meus sonhos…
quero me expor ao sol e sentir que na realidade o seu calor é incomparável….

Quando do advento da noite quero olhar as estrelas e a pálida lua… e lembrar que ao brilho dos teus olhos no universo a nada se equivale.
amo-te e não existe nada maior que isso…

Porque para ser feliz bastante se faz amar, amar como se nada no mundo existisse em igual beleza…

Porque para quem ama o amor não implica em dimensões, implica simplesmente em emoções intraduzíveis,
sempre inéditas…
um dia nunca igual ao outro..
o amor que nos é legado sempre, dia após dia, nos surpreende com uma nova nuance…
tão maravilhosa quanto aquilo que não se podia imaginar!
Um amor singular e privilegiado no coração amado sempre brotará…

Hênio Aragão

Negros Olhos do Amor

Teus olhos pousados nos meus,
negros como noite escura invadida pelas luzes estelares
prendem-me como por encanto!

Extático, numa morbidez intima, permaneço…

Solitário, penetro a imensidão do universo particular da minha alma

Olhar difuso…
difuso sonho em embriaguez profunda

Momento de contemplação…
Divago!

E se desvia doce olhar,
em vácuo escuro e frio não tardo a estar

Mesmo perdido em abismo isolado, há algo a me acompanhar…
nobre e bela,
companhia salutar que por mim vive a zelar…
é amor que jaz no peito!

O vácuo é superado,
não preciso d’ele escapar,
pois logo é suplantado pelo que de grande existe em coração enamorado

 

Hênio Aragão

Devoção

Ei…
Eu quero, quero tanto, tanto…
Fazer-te sorrir, ver-te feliz…
Sentir o toque do teu nariz
Ei…

também podes ouvir?
É a voz do destino.
vê?
É o destino que se nos vem anunciar… revelando sua doce beleza, para muitos oculta!
Nele sinto toda a paz que almejo… e ao meu lado, és tu quem segura em minha mão.

Veja, amor…
Dá-me tua mão… toca meu peito
Sente?
É amor… doce
translúcido!

Eu tenho um sonho…
ter você comigo muitas vezes por um instante… assim, exclusivamente minha!
não é necessário exaurir todo o teu tempo apenas comigo…
mas quero quando em um instante que seja, que este instante seja somente meu

sonho com os teus beijos,
com o calor do teu corpo imprimido no meu,
com os teus meigos olhos fitos nos meus…

Devaneios…
tão intensos desejos.
contemplo tua imagem que visita meus pensamentos com constância
e o seu perfume, ah! Sinto-o…
estendo minhas mãos para debalde alcançá-la… é sempre assim, confundo a realidade com a ilusão… é que os sentidos e os predicados da razão cedem à imensa sede sofrida pelo coração e se condicionam a miragens, tamanha é a necessidade que os abala.

Grandioso amor, este que dilata meu peito, desmesurando meu coração em proporções inabarcáveis…

Prazer e dor…

Dor que não chega a ser expiação, distante disso… Mantém-me desperto!
Assim, também é prazer… Satisfaz minha alma lembrando-me que além do que há em derredor, e acima de tudo, existe um bem maior… um tesouro particular incapaz de se extenuar… tesouro só meu!

Somente quem é capaz de amar pode sentir o coração rasgando suas fibras, inflamado de paixão

Vem,
toca meu coração com teu hálito, move minha alma com o fogo renovador do teu beijo,
faz brilhar com teu sorriso o caminho que me leva até você…

E no final dessa jornada, quando eu não mais estiver…
lembra apenas que você foi o meu destino
e que para o além do que se pode ver existe um amor, um grande amor que jamais perecerá… e a minha lembrança em teu coração será a centelha que nos manterá unidos por toda eternidade, como prometi um dia…porque imperecível é o amor escrito pelas penas de um poeta.

Hênio Aragão

Saudade

Hoje mais uma vez
viestes em meus sonhos

E teus olhos, como outrora,
tão belos,
tornaram a enganar-me…
encantei-me novamente!

Vieste tu, terna e adorável
e tirou-me do torpor da saudade…
Teu néctar sorvi delirante e apaixonado…
Quão doces emoções senti!
Enternecida e suave minha alma ficou

e ao acordar
ébrio e só,
chorei!

Hênio Aragão

Em Eterna Lapidação

Orbitando os homens no infinito cosmos do Direito, em busca do Justo, muitas vezes enveredaram na senda da injustiça, pelas várias distorções propagadas pelos eternos sofistas, aqueles que buscaram fazer do Direito uma indelével ferramenta de destruição e de subjugação do homem pelo próprio homem, fundamentando a tirania numa legalidade ilegítima e imoral.

Inobstante os revezes encontrados, cada um, com sua justa pretensão, buscaram conquistar a razão, com o insigne desiderato de fazer da Themis sua fiel companheira. Graças aos grandes homens, e temendo o aniquilamento total, o Direito, de tempos em tempos, de momentos em momentos, em cada caso concreto da vida particular ou das grandes problemáticas internacionais, vem lapidando sua forma. Suas duas faces, o Direito Positivo e o Direito Natural, paulatinamente, e numa perpétua caminhada, vêm buscando a sintonia perfeita.

Metamórfico, peregrinando desde o primeiro momento da história da humanidade, vem o Direito como ferramenta da justiça buscar o real devir, que é fazer brilhar para todos a sua essência primordial. E para “tornar-se o que é”, como diria Nietzsche, é preciso que o homem faça do Direito não uma mera profissão, mas um legado, um ideal incorruptível.

Não é possível, que entenda cada ser social, cada pessoa humana, olvidar a importância do Direito. Aqui vale o brocardo “ubi societas, ib ius” (onde há sociedade, há o Direito), visto que não há segurança, não há família, não há ordem sem que seja sob a égide do Braço da Justiça.

Assim, cheio, repleto de elucubrações, emoções e distorções, inundado de contradições, caminha o Direito, desenvolvendo-se, geração após geração, numa caminhada sem fim, rumo ao horizonte do dever ser da ordem jurídica, que é a paz e o bem estar da humanidade. O Direito caminhará junto aos homens. Estará eivado de seus vícios e virtudes, pois ele reflete tão somente aquilo que aspiramos e o que somos. Na mesma medida em que mudamos nossos costumes, concomitantemente muda-se a ordem jurídica.

Neste mister, nós que enveredamos pela senda da justiça, lutamos para imprimir no seio da humanidade aquilo que entendemos por justo, eternamente buscando alimentar a essência do Direito, ajoelhados aos pés da deusa.

Hênio Aragão

Melodia

Por toda a noite cai a chuva, atravessando a escuridão triste e solitária,
como a banhar a humanidade com as lágrimas serenas dos deuses,
trazendo ao coração do poeta as condições mais perfeitas para a versificação daquilo que deveras sente
e que derrama em torrentes por todos os poros,
em cada ato exalando sua poesia consubstanciada em sentimentos de infinitas nuances…
em cada gesto,
na expressão de um olhar,
na intensidade de um sorriso…
no mais puro desejo de amar

Os pássaros encarcerados ecoam seu canto cativo, como que a reclamar ao poeta:

“−Canta conosco, poeta, o Amor, a Vida, a tua felicidade, as tuas dores.
Toma a tua alma a lira e deixa que o teu coração cante as melodias que te fazem viver…”

Neste comenos, o velho bule ferve sob a intensidade do fogo o café,
este com seu aroma todo inspirador a convidar ao deleite de uma agradável xícara, enquanto a vírgula no verso espera fecundamente.

Ao lápis, neste mesmo diapasão, o coração passa a confidenciar-lhe todo o seu amor, a fim de que descreva com ternura a imagem dos seus devaneios, dos sonhos que o visitam mesmo em vigília.

Em breves instantes é possível nos versos que seja contemplada a imagem que inebria e que encanta o poeta…

Eis que a bela musa se revela.
E seus olhos,
ah! seus olhos,
tão negros e desafiadores…
em seu fito imerge o amante em instantes tão profundos e eterno, quanto suaves e enternecedores…

Embalado pela ótica, assim enfeitiçado, reclama à musa o ósculo sonhado…
E com quão gracioso sorriso, dela antecipado, doce beijo ele sorve.

Transladando-se aos mundos etéreos, lócus da felicidade, o infinito penetra em seu coração…
e o infinito ao coração pertence, porque ilimitado é o amor que verdadeiramente sente.

Ao desenlaçar dos lábios, com ternura a bela se despede e o amante, absorto, fecha os olhos, ali permanecendo, na imensidão da sua alma,
nas profundezas do cosmos criado pela união de seus sonhos,
até o retorno,
ao toque da lótus em seus sentidos, balsamizando a sua vida…

O lápis, eivado de vida, nas linhas derradeiras três pontos ali rasura, na esperança de que o poeta a ele retorne com sua perpétua canção de amor…

Hênio Aragão

Anjos Também Amam

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              Recusara a bela jovem a flor oferecida pelo anjo amigo….

              Desconsolado, por não compreender tal gesto, o anjo partiu. Partiu para a terra dos anjos, cabisbaixo e solitário… em busca do entendimento sobre aquilo que deveras o abatia. Que sorte o anjo não teve?!

              Assim, o anjo em suas cogitações resmungava:

− Por que não posso ter-te por toda a minha vida? Rejeitara a mimosa flor cultivada nos campos do meu coração… o que faço eu então, com esse jardim infinitamente repleto de flores… dos mais diversos matizes, cultivadas pelas mais doces aspirações?
Como seremos, destarte, agora… doravante?  Como a lua e o sol, sempre distantes?!
Tornar-te para mim uma miragem, lá longe… no infindo horizonte! Eu, o viajante a contemplar-te, a buscar-te… a definhar-me!

              Exausto, a procurar as respostas para suas indagações, no sono caiu… e por dias a fio assim foi.

Talvez devido a um compadecimento Providencial. Uma interferência de Deus era preciso… o anjo, embora imortal, não aguentaria… viraria um “não-sei-o-quê”, perdido a deriva nas estrelas; um espectro a vagar, esquecido por si mesmo, aprofundando-se paulatinamente na  imensidão do vácuo existencial… não obstante, ao penetrar à noite dos tempos, esquecer-se-ia de si mesmo e embora ainda incompetente para a morte, morreria… pois a vida é o que se vive. Quantos mortos ainda em vida perambulam por ai… sem objetivo, sem sonhos… sem amores.

              Ao acordar lembrara-se de um sonho, depois do qual lamentara:

− Hoje mais uma vez
viestes em meus sonhos
E teus olhos como outrora,
tão belos,
tornaram a enganar-me…
encantei-me novamente!
Vieste tu, terna e adorável
e tirou-me do torpor da saudade…
Teu néctar sorvi, delirante e apaixonado…
− Quão doces emoções senti!
Enternecida e suave minha alma ficou
e ao acordar
ébrio e só,
chorei!

              Enquanto o anjo sofria, remoendo cada momento vivido ou que desejara ter acontecido, a jovem rezava para o anjo amigo, e dizia:

− Seja sempre comigo, divino amigo, para que não me percas pelas trevas do caminho… a cada momento eu sinto que tu és o destino a mim oferecido… a fonte de paz e a ditosa sorte da minha jornada, pois o teu amor é a luz que ilumina a minha vida.

              Num súbito espanto o Anjo amigo tornou das profundezas do seu interior, mas um tanto confuso… não compreendia agora a rogação que seu divino amor lhe rendia. Todavia, sem titubear, da estrela brilhante, morada dos anjos, desceu o anjo feliz, num estado de espírito excitante, a fim dos pedidos da sua amada, realizar.

− Por onde andaras, querido amigo… por que  razão ausentar-te? Perguntou a jovem, aflita ao perceber em seu anjo amigo marcas do flagelo por ele sofrido.
− Tu és meu divino amor, porém rejeitara minha flor que com muito amor cultivei.. Sem horizontes assim fiquei.

−Em busca de algum consolo, debalde, parti. Mas eis que te ouvi, e, para ti, torno, a fim de te servir!

              Em tom resignado o anjo curvou-se diante de sua aspiração, para ouvir-lhe a seguinte explicação:

− Foi-te para longe… para bem distante. Não me dera a chance de dizer-te o quanto para mim tu te tornara importante. Quando dei por mim, num instante, vi que não mais estava comigo… já havia partido, penetrado o espaço distante…

              O anjo permanecia em silêncio… como se não acreditasse na realidade daquele momento. Seu coração parecia auferir nova vivacidade. Apreensivo e atento continuava a ouvir…

− Ao deparar-me com teu terno ato muito lisonjeada fiquei… perdi-me em mim mesma, buscando o certo a fazer. Tu és um anjo e eu… apenas um ser humano. Como aceitar majestosa dádiva sem um pouco sequer merecê-la? Tua flor me cativou… em teu peito, porém, queria que La permanecesse… para que não morresse. Assim a jovem dizia, com seus amendoados olhos marejados.

              Emocionados, ambos, enlaçaram-se envoltos daquilo que acreditamos ser os braços do amor… e nessa permuta subliminar era possível perceber o devir da Criação… a jovem buscava no anjo a divina proteção enquanto o anjo, em epifânico  lampejo, percebeu seu real desejo… não mais seria aquilo a que outrora se enganara.. E ponderou consigo mesmo:

− Meu amor para ti existe… para servir-te! Não te rogarei jamais outra coisa, senão a própria permissão para amar-te e proteger-te. Atravessarei a eternidade a zelar por ti… não te cobrarei amor recíproco, pois um anjo verdadeiro hoje sou… cultivarei minha flor para que sintas seu perfume por onde fores. Este perfume te arrebatará quando em momentos tristes… lembrar-te-á que existe uma fonte de luz e que um anjo zela pela tua vida e que estará eternamente atrelado ao teu destino….

          e o final dessa história não se pontua, não se finda, porquê o amor irradia pela eternidade…

E assim foi, o anjo e a jovem moça, em plenitude  viveram o que em verdade é o amor.

Hênio Aragão

ELUCUBRAÇÕES

opensador

             Tenho deparado-me, não raro, com indagações acerca da existência humana, sobre como existimos e sobre qual seria a verdadeira finalidade da vida. Pode ser que todas essas questões pareçam pueris e que dai nada se possa construir, pode não trazer benefícios, sejam eles de que natureza for.

            Mas me parece que estamos a tratar sobre verdades ocultas que nos regem e que, se porventura, fossem descobertas muitos equívocos seriam evitados. Porém, vem-me a incomoda ideia de que podemos circunstancialmente não estamos preparados ou aptos a assimilar algumas informações… Talvez estas enigmas se revelem conforme a capacidade auferida para enxergá-las.

             Para começarmos a buscar algumas explicações, precisaríamos chegar às respostas de tais indagações, que seriam: o que é o falso? O que é ilusão? E as verdades, como elas estão estabelecidas? Elas existem? Será o homem capaz de compreendê-las?

              A princípio, “falso” seria aquilo que conflita com a verdade. Já a “ilusão” não segue este mesmo princípio, ela é uma ideia deturpada da verdade.

             Ponderemos: em todas as épocas da humanidade, desde os homens mais primitivos aos mais modernos, concebemos a ideia de uma divindade, causa primeira de todas as coisas. Como saber se tal concepção não é fruto de imaginação, de uma necessidade intrínseca do homem de atribuir aos fenômenos naturais, incompreensíveis em cada época, uma causa?

             A natureza é toda administrada por leis naturais imutáveis, que resistem à passagem do tempo e é espacialmente igual, ou seja… um fenômeno natural não varia no tempo e no espaço. Essas leis naturais também podem ser denominadas de verdades universais. Assim, como seres componentes da natureza, temos as “verdades universais” contidas em nosso cerne. Afinal, somos regidos por leis naturais, tal como as plantas e os animais “irracionais”. O que nos diferencia dos demais seres da natureza é a capacidade da qual somos detentores de buscar o conhecimento, de buscar as verdades que nos regem.

             Considerando o fato de que a humanidade teve um princípio e, qual um organismo, ela vem passando por diferentes etapas de desenvolvimento, podemos imaginar que estivemos em um estado primitivo e que passamos por diversas fases até aqui…. dizer que estamos maduros é precipitado, haja vista as barbáries que ainda acontecem, porém tal linha de raciocínio nos auxiliará a desenvolvermos a seguinte ideia: se temos em nós escritas as leis naturais, nada mais consequente que elas se revelem, todavia, deturpadas, pois a condição rudimentar da humanidade não permite que as vislumbremos em plenitude, e assim, confundimos sensações exteriores e interiores e criamos uma ilusão das verdades. À medida que a humanidade progride, ela amplia o seu alcance de visão e as ilusões tornam-se menores.

             indaga-se, finalmente: as concepções primitivas de divindade não seriam uma ideia inata de que esta divindade existe? Do politeísmo ao monoteísmo, do Deus antropomórfico ao Deus Essência universal, estar-se-ia a depurar-se uma verdade?

Hênio Aragão

Dia do Poeta, 20 de Outubro

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Hoje, 20 de outubro, é o dia do poeta.
Dedico este poema a todos aqueles que deixam suas almas falarem.

MEU AMIGO POETA

Amigo poeta,
faz um poema pra mim!
Olha nos olhos do tempo,
diz o que tu sentes, poeta!

Sim,
o que tu sentes!
O poeta pouco enxerga…
pra quê enxergar?
Sentir é mais importante…
poetas sentem a alma das coisas!

Casais enamorados cerram os olhos para sentir as emanações do amor…
O viajante nostálgico remonta-se ao lar e quando fecha os olhos é o passado que se vos apresenta…
O pensador introspecto percorre os caminhos do próprio ser em busca das respostas ocultas…
O músico, ah! Este descobre no recôndito mais profundo da alma a melodia perfeita…

Então, poeta…
amigo meu,
fazei um poema pra mim…
conta-me o que os teus sentidos te revelam!

Hênio Aragão

PAIXÕES

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            E se te perguntassem sobre as paixões? Quais seriam as suas? Enfim, o que seria na realidade “paixão”?

             O sentido que empregamos comumente ao termo nos remete a uma acepção bastante genérica e não nos permite, portanto, que façamos uma descrição do que quer que seja com fidelidade ao sentido etimológico da palavra. Ou seja, não nos leva à sua essência. Primeiro deveríamos definir seu sentido, tal como queremos que sejam respondidas nossas indagações.

             Assim, após tempos compenetrado neste mister, passei a compreender as paixões por sentimentos exacerbados que nos condicionam, por vezes cegamente, às conquistas dos nossos objetos de desejo. É, então, no caminho da realização dos nossos desejos em que conquistamos os valores que enriquecem nosso espírito. No final das contas, as paixões nos servem apenas como estímulo para o desiderato de nossa formação como Homens.

             As paixões podem provocar as mais diversas sensações, chegando a nos levar a vivenciar os dois pólos do prazer: grandes tristezas, infelicidades; como também, grandes alegrias e satisfações.

             Por vezes nos perdemos no abismo de sentimentos, os mais diversos que possamos imaginar, desconsolados por não compreendermos a verdadeira finalidade das coisas.

           A paixão é comumente confundida com o amor, agora em um sentido delimitado, triste engano. Porém, a paixão é o primeiro passo para que se possa construir algo belo e duradouro, o que seria o amor. E assim, quando a chama da paixão apagar, se algo de bom tiver sido construído, restará o amor… este, mais nobre, maduro e eterno.

Hênio Aragão

Ânsia de Amar

Nesse momento, amor meu, não quero falar…

Quero sentir tudo isso que me chega ao coração

Não é saudade, posto nossos corpos ainda não se conhecerem…

Sobre a ânsia de sentir teu calor, divago… Perco-me na imensidão do cosmos, meu cosmos!

Roubar-te-ei um dia um beijo, perco-me neste doce sonho… Não me culpes por isso, será o mais terno dos crimes…

Como é possível então, responda-me, alguém ser punido antes do crime?

Ah! Teu beijo… Já o posso sentir… Quanta ternura!

Nesta embriaguês profunda quero perder-me… ao acordar deparar-me-ei com teu cheiro… ah! Teu cheiro… me perguntas então como posso senti-lo… respondo-te, querida… é o cheiro do lírio que sobrevém quando te busco nos pensamentos…

Tuas delicadas mãos… Oh! Por que, destino, mo pune deveras? Nem o direito a saudades me concede… a ansiedade… esta toma seu lugar.

Assim… aguardo o dia em que te contemplarei estupefato… os astros a nos assistirem atônitos, iluminando nosso palco…

Neste doce encanto por enquanto permaneço… até o dia em que os sonhos se configurem reais…

Hênio Aragão

O Despertar para a Eternidade

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Acordei, era um belo dia
O sol encontrava-se radiante
Um pouco mais, percebi que o dia também era trevas
E de belo só a certeza de que a escuridão não é eterna
E que as trevas se dissipariam um dia
Para mim, tudo faz sentido!
E essa paz?
Esta paz almejada pela humanidade
de nada serve!
Esta paz adormece meus sentidos…

Hênio Aragão

Poesia dos Meus Sonhos

eu e o silêncio

Um instante de silêncio

Por um momento apenas
não quero medir minhas palavras…

Quero dizer que te amo e que meus sonhos se confundem com os teus!

Agora, quero silêncio!
Aquele silêncio que a lua de prata inspira nos corações apaixonados!
O silêncio que cala a alma…
que leva minha alma ao nirvana!
O silêncio que cala os lábios naquelas noites frias…
e que faz minha alma transbordar paz!

Meu coração agora clama!

Quero aquele silêncio que impera quando dos teus olhos pousados nos meus…
Aquela serenidade que o amor inspira e que meus sonhos idealizam…

Agora…
Agora sim!
Eu quero aquele silêncio!

Hênio Aragão

DIVINO AMOR

anjo-anjo

Um deus,
eis o que sou!

Observe o que te afirmo no seguinte contexto…

Não sou deus desde sempre.
Preteritamente também fiz parte da ordem dos pobres mortais.
Que reles condição!

Indubitavelmente deves estar a indagar-se sobre a qual ordem dos deuses eu faça parte,
ou mesmo, sobre qual deus eu seja.

Pois bem, não vos farei segredo, pois de que serve um deus, que não seja para servir aos seus. Por isso não vos farei oculta minha divindade.

Todavia, antes precisarei contar-te como vim a tornar-me um imortal…

Todo homem é potencialmente um deus. Mas apenas ser dotado de potencialidade não é suficiente. É preciso que haja condição favorável; é preciso ainda, e é um pré-requisito essencial, que exista uma segunda pessoa, esta deve ser especial, de mimosa perfeição e de ternura inigualável… de resto, o universo e os deuses são responsáveis.

Assim, para tornar-me uma divindade, nem os deuses, nem o universo, tão pouco a segunda pessoa contaram com o concurso da minha vontade.

Por isso esta dádiva dos céus independe do querer…
simplesmente tu te tornas divino pelas condições dos teus sentimentos…
estes quanto mais nobres forem, mais poderoso serás.

Existe, entre as divindades do Olimpo, um deus cognominado Eros, filho do deus Poros com a deusa Penia.

Eros é a divindade mais bela e poderosa de todas as divindades, pois tem o poder de criar deuses, de imortalizar criaturas mortais!

Em imortalizar-se, o homem transcende as barreiras do impossível e busca pela felicidade, não a própria, mas daquele ao qual seu coração jurou perpetuamente devotar-se.

Eros é deus do amor…
ou ainda, o próprio amor!

Quando um coração se apresenta em perfeita condição, lá se instala…
Eros, o próprio deus, ai passa a residir.

Aquele, então, cujo coração habita o amor, nada mais se torna do que o próprio deus.

Hênio Aragão

Poesia e Paz

Sol e mar, poesia e paz


Sol e mar
Mais dois amigos a me acompanhar
A soma perfeita
Filosofia e poesia…
Assim estava eu rodeado
O mar, tagarela, não cessava de nos falar as mais belas verdades
Enquanto o sol… sábio e sereno, nos contemplava nutrindo-nos com sua luz
Num intervalo entre uma onda e outra, sentíamos pulsar o coração do oceano
O vento… ah! Soprava-nos o hálito sagrado da vida…
Absortos, ali ficamos… o poeta, o filósofo e eu
Abstraindo cada ensinamento que o universo fazia questão de nos passar
Ainda em meditação, a magia e o encanto da natureza ungiam-nos de paz…
Quantas maravilhas o poeta transformaria em letras viçosas
Quantas verdades universais o filósofo haveria de desvendar…
E assim, quão feliz hei de ficar por contemplar o maravilhoso espetáculo da natureza
Natureza da qual idealizo jamais me dissociar

Hênio Aragão