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Encontro

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Finalmente eis que sou chamado ao verso
As reticências cedem às sensações e emanações de matizes desconhecidos
As borboletas internas vibram e não se pode negar o vislumbre do advento da luz matutina,
Há muito escondida detrás da penumbra do horizonte incerto.

Ao deleite do silêncio, sobre o banco de talhada madeira sustentada em pilares de alvenaria ali insculpidos, doce companhia comigo permuta as inspirações sorvidas…

A solidão é superada e o silêncio é a voz do coração tecendo doces melodias de paz…
Desnecessárias as palavras, o toque dos dedos castos transmitem as puras intenções…

E nada do que se diga poderá definir o indescritível,
Toda forma que se queira enquadrar o que provem do imponderável, é mácula lacerante…

Em harmonia com o cosmos, a brisa noturna tocou-nos a face, atravessando-nos por toda a nossa superfície, qual alento divino….
A proximidade é inevitável, além dos corpos, os sonhos se tocam…
Mediante tão eloquente sinfonia de intraduzíveis formas, o elo aufere contornos particulares…
E neste comenos, num infinito particular, é eterna a felicidade e a paz alcançadas pelas almas afins.

Hênio Aragão

Negros Olhos do Amor

Teus olhos pousados nos meus,
negros como noite escura invadida pelas luzes estelares
prendem-me como por encanto!

Extático, numa morbidez intima, permaneço…

Solitário, penetro a imensidão do universo particular da minha alma

Olhar difuso…
difuso sonho em embriaguez profunda

Momento de contemplação…
Divago!

E se desvia doce olhar,
em vácuo escuro e frio não tardo a estar

Mesmo perdido em abismo isolado, há algo a me acompanhar…
nobre e bela,
companhia salutar que por mim vive a zelar…
é amor que jaz no peito!

O vácuo é superado,
não preciso d’ele escapar,
pois logo é suplantado pelo que de grande existe em coração enamorado

 

Hênio Aragão

Devoção

Ei…
Eu quero, quero tanto, tanto…
Fazer-te sorrir, ver-te feliz…
Sentir o toque do teu nariz
Ei…

também podes ouvir?
É a voz do destino.
vê?
É o destino que se nos vem anunciar… revelando sua doce beleza, para muitos oculta!
Nele sinto toda a paz que almejo… e ao meu lado, és tu quem segura em minha mão.

Veja, amor…
Dá-me tua mão… toca meu peito
Sente?
É amor… doce
translúcido!

Eu tenho um sonho…
ter você comigo muitas vezes por um instante… assim, exclusivamente minha!
não é necessário exaurir todo o teu tempo apenas comigo…
mas quero quando em um instante que seja, que este instante seja somente meu

sonho com os teus beijos,
com o calor do teu corpo imprimido no meu,
com os teus meigos olhos fitos nos meus…

Devaneios…
tão intensos desejos.
contemplo tua imagem que visita meus pensamentos com constância
e o seu perfume, ah! Sinto-o…
estendo minhas mãos para debalde alcançá-la… é sempre assim, confundo a realidade com a ilusão… é que os sentidos e os predicados da razão cedem à imensa sede sofrida pelo coração e se condicionam a miragens, tamanha é a necessidade que os abala.

Grandioso amor, este que dilata meu peito, desmesurando meu coração em proporções inabarcáveis…

Prazer e dor…

Dor que não chega a ser expiação, distante disso… Mantém-me desperto!
Assim, também é prazer… Satisfaz minha alma lembrando-me que além do que há em derredor, e acima de tudo, existe um bem maior… um tesouro particular incapaz de se extenuar… tesouro só meu!

Somente quem é capaz de amar pode sentir o coração rasgando suas fibras, inflamado de paixão

Vem,
toca meu coração com teu hálito, move minha alma com o fogo renovador do teu beijo,
faz brilhar com teu sorriso o caminho que me leva até você…

E no final dessa jornada, quando eu não mais estiver…
lembra apenas que você foi o meu destino
e que para o além do que se pode ver existe um amor, um grande amor que jamais perecerá… e a minha lembrança em teu coração será a centelha que nos manterá unidos por toda eternidade, como prometi um dia…porque imperecível é o amor escrito pelas penas de um poeta.

Hênio Aragão

Saudade

Hoje mais uma vez
viestes em meus sonhos

E teus olhos, como outrora,
tão belos,
tornaram a enganar-me…
encantei-me novamente!

Vieste tu, terna e adorável
e tirou-me do torpor da saudade…
Teu néctar sorvi delirante e apaixonado…
Quão doces emoções senti!
Enternecida e suave minha alma ficou

e ao acordar
ébrio e só,
chorei!

Hênio Aragão

Melodia

Por toda a noite cai a chuva, atravessando a escuridão triste e solitária,
como a banhar a humanidade com as lágrimas serenas dos deuses,
trazendo ao coração do poeta as condições mais perfeitas para a versificação daquilo que deveras sente
e que derrama em torrentes por todos os poros,
em cada ato exalando sua poesia consubstanciada em sentimentos de infinitas nuances…
em cada gesto,
na expressão de um olhar,
na intensidade de um sorriso…
no mais puro desejo de amar

Os pássaros encarcerados ecoam seu canto cativo, como que a reclamar ao poeta:

“−Canta conosco, poeta, o Amor, a Vida, a tua felicidade, as tuas dores.
Toma a tua alma a lira e deixa que o teu coração cante as melodias que te fazem viver…”

Neste comenos, o velho bule ferve sob a intensidade do fogo o café,
este com seu aroma todo inspirador a convidar ao deleite de uma agradável xícara, enquanto a vírgula no verso espera fecundamente.

Ao lápis, neste mesmo diapasão, o coração passa a confidenciar-lhe todo o seu amor, a fim de que descreva com ternura a imagem dos seus devaneios, dos sonhos que o visitam mesmo em vigília.

Em breves instantes é possível nos versos que seja contemplada a imagem que inebria e que encanta o poeta…

Eis que a bela musa se revela.
E seus olhos,
ah! seus olhos,
tão negros e desafiadores…
em seu fito imerge o amante em instantes tão profundos e eterno, quanto suaves e enternecedores…

Embalado pela ótica, assim enfeitiçado, reclama à musa o ósculo sonhado…
E com quão gracioso sorriso, dela antecipado, doce beijo ele sorve.

Transladando-se aos mundos etéreos, lócus da felicidade, o infinito penetra em seu coração…
e o infinito ao coração pertence, porque ilimitado é o amor que verdadeiramente sente.

Ao desenlaçar dos lábios, com ternura a bela se despede e o amante, absorto, fecha os olhos, ali permanecendo, na imensidão da sua alma,
nas profundezas do cosmos criado pela união de seus sonhos,
até o retorno,
ao toque da lótus em seus sentidos, balsamizando a sua vida…

O lápis, eivado de vida, nas linhas derradeiras três pontos ali rasura, na esperança de que o poeta a ele retorne com sua perpétua canção de amor…

Hênio Aragão

Amor Perpétuo

Procurei, amor, uma forma que fosse possível de revelar minha ternura,
meu afeto,
o meu amor…

Mas, por Deus! Eu não posso culpar aos poetas por tamanha negligência,
por eu não ter encontrado nada comparado ao meu suave e tirânico amor…
afinal, eles nunca puderam ver através dos meus olhos, nem sentir com o meu coração.

Minha poesia é única, também inusitada…
é metamórfica e transcendente.
Sentimento que não se sente duas vezes da mesma maneira…
corrente que leva e renova, e traz com mais força a felicidade…

Essa paixão é minha força…
são os cavalos alados que levam a carruagem da minha vida… fazendo-me transportar montanhas e vencer os Ciclopes que surgem mitológicos…

Meu amor é único,
renovador,
é a aurora após noites sombrias…
é a fênix da minha vida!

Hênio Aragão

Abrasados

Sonho com a ternura abrasadora
da tua pele ao sol, minha morena.
Cingir teu corpo, na ânsia que envenena
e te apertar com sede domadora.

Eu quero a calidez inflamadora
dos teus seios macios. Bela cena!
Sujeita-te, que a chama em mim o ordena
pra consumir-te as curvas, sedutora.
Sujeita-te. Desbravo as tuas curvas
até que encontro, em meio a ondas turvas,
o que quer tanto a sede insaciada.

Em meio a convulsões, suor e beijos:
prazer que explode em ânsias e desejos –
grande paixão que aos anjos foi negada.

Filipe Cavalcante
18.09.2010

Filipe Cavalcante, estudante de Direito da Universidade Estadual do Piauí – UESPI.

Súplicas

Oh, Deus…
Reconhecemos os diversos matizes em que as dores podem se revelar…
Em face das tantas amarguras, instrua-nos sobre como te encontrar…

Senhor do universo,
auxilia-nos nos sentimentos cristãos, para que inspirados no divino artífice das dores do mundo, o Cristo, possamos repetir seus passos… este que subjugado pelos carnífices e traído pelos pequenos irmãos, soube reverter a dor em raios de luz para toda a humanidade e que fez chegar até nós como chamas vivas de amor.

Senhor,
que as nossas dores sejam a luz a nos revelar as verdades ocultadas pelo egoísmo, pelo orgulho e por tantos outros males que obscurecem nossa visão, entorpecendo nossos sentidos, impossibilitando-nos de entender o real sentido das coisas…

Que eu possa, oh Mestre, encontrar, ante as dilacerações da alma, as verdades escondidas no cerne do espírito…
Diante da dor, que eu possa encontrar-me contigo,
ajoelhado aos pés da tua cruz!

Hênio Aragão

Versos Calados

Em ligeiras cogitações acreditei que uma poesia escrita ou falada pudesse traduzir todas as belas coisas da alma

Quem dera fosse verdade,
poderia mostrar-lhe as maravilhas da alma e do amor…

Olha nos meus olhos…
Vê?
São os jardins verdejantes e coloridos sob o céu de nuvens espaças entre o sol imponente!

Quando faltar-me a poesia em meus versos, olha nos meus olhos e leia as maravilhas que os meus sonhos ocultam…

Hênio Aragão

Enquanto poesia, todo amor é eterno

Doce poema me legara.
Bastaram-me suaves beijos,
para que em formas e em versos sentidos,
toda aquela essência fosse traduzida.

Romântica poesia, poucos sabem, não nasce solitária…
poesia é sentimento provocado por outrem,
é o cerne da forma dada pelo poeta.

Quando em quentes lábios deleitou-se o poeta…
Quentes como o sopro ardente do verão…
tais como brisas fecundas, cheias de vida a permear a Terra…
Assim sentira-se o artífice das essências,
fecundo!

A forma ele dera em linhas de inegável valor…
Eis que se revela então, a beleza da poesia:
Mesmo sem ter sentido jamais doce beijo de ente apaixonado,
sentirás quem ler, nos versos do poeta, emanações de quem viveu, ou sonhou viver um dia, as volúpias de uma noite de amor.

E é de tal maneira que os momentos se eternizam…
Os beijos, os olhares penetrados e perdidos no universo de cada um…
formam eternos instantes que jamais se perderão.

A forma prende a essência e não permite se dissipem impares momentos de arte criada pelos corações que amam…
Por isso, meu amor,
enquanto houver poesia,
seremos eternos!

Hênio Aragão

O maior dos seres sobre a Terra ainda é uma criança

 

              Durante o correr dos milênios muitas foram as barbáries sofridas e cometidas pela humanidade, cujos próprios verdugos, indubitavelmente, confundem-se com as vítimas, porque em virtude da ocorrência do mau não existem bem-aventurados; não existe justiça se os meios pelos quais a procuramos não forem coerentes com os elementos condicionadores da felicidade, refiro-me aqui à felicidade real de cuja única forma possível de adquiri-la, é na pratica efetiva do Bem.

              A violência, o morticínio, a fome, a omissão são forças opostas à natureza humana, opostas pelo simples fato de promoverem no homem lesões que oprimem seu espírito, causando, no mesmo, insatisfações que o forçam a buscar o Bem, a fim de pô-lo em harmonia novamente com a natureza que lhe é inerente; o Bem se anula quando os meios para atingi-lo não correspondem com os fins, que é a paz.

              O homem, nos dizeres Hobbesianos, tem sido “lobo de si mesmo”, perpetuando as desigualdades, promovendo segregações de diversas naturezas em torno de si mesmo, em todas as épocas da humanidade. Embora tais ideias permeiem nosso intelecto, pelos fatos que a história e o presente nos revelam, consideremos ainda um importante imperativo que nos fará ponderar em torno deste mister: é o fato de reconhecermos o mau e distinguirmos o apropriado do inapropriado. Ora, se identificamos as más ações do homem e reprovamo-la, tal ocorrência implica dizer que nossa natureza nega e repudia o mau, logo, não o desejamos… Portanto, o homem não é mau por natureza, embora haja argumentos que afirmem o contrário, como os que asseveram ser o homem egoísta e que este somente repudia o mau quando for ele o oprimido.

              Que o homem tenha em sua alma a perversidade e que esta seja caractere integrante de sua identidade como tal. Neste caso, o que consideramos ruim, não o seria… Seria na realidade um contra-senso, haja vista a natureza proporcionar a cada elemento aquilo que seja necessário para a manutenção de uma vida saudável. Ou seja, para conhecer o que faz mal a algum ser, basta observar o que ele necessita para manter-se saudável, orgânica e psiquicamente; se algo faz mal, se proporciona dor e deformações no espírito, isso significa que suas causas não fazem parte do ser em questão. Se o fizessem, seria natural e admissível, pois a criatura humana estaria, na prática do mau, realizando algo intrínseco a sua natureza.

              Eis que realizo aqui uma defesa ao ser humano, como sendo este bom por natureza, embora ignorante em sua primitiva condição. Em sua vida, na medida em que vai experimentando as diversas realidades possíveis, neste processo continuo de aprendizagem, ele vai identificando o que realmente é bom para si, em conhecendo o Bem, é natural que se abstenha do mal. Buscamos em todas as épocas da humanidade conhecer as verdades universais, preocupamo-nos em conhecer a nós mesmos, para entender qual é o melhor caminho a ser seguido… Temos buscado a paz. Neste percurso caminhamos por veredas desconhecidas, desta forma pudemos conhecer o bem e o mal, através da experiência. Por ignorância caímos diversas vezes nos caminhos da destruição, das guerras e do caos… Descobrimos, todavia, que o melhor caminho a ser caminhado é o da paz, e por isso foram criados diversos tratados internacionais… Por isso discutimos os Direitos Humanos e é por isso que filosofamos, para conhecermos o Bem. Adequado se faz mencionar aqui, em virtude da grande importância que existe em torno do conhecimento de si mesmo, a máxima a qual direcionou o maior filósofo de todos os tempos em sua jornada filosófica: Sócrates, certa vez, ao procurar o oráculo de Delfos, leu a seguinte frase escrita na entrada do templo: “Homem, conhece-te a ti mesmo”. Que maravilha! O filosofo jamais foi o mesmo. Direcionou suas perscrutações ao que ele considerou, a partir daquele momento, o que havia de mais importante em matéria de conhecimento, o próprio homem. Conhecendo sua essência, seria capaz de atingir a alegria, o estado de plenitude, e assim esteve compenetrado por toda a sua vida. Falta-nos o conhecimento das essências, o que realizamos ao julgar o homem um animal preso as paixões, é condená-lo ao eterno fracasso. Desconsideramos, dessa forma, os inúmeros exemplos que habitaram a terra e que foram a personificação das virtudes mais aspiradas, há citar: o próprio Sócrates, Sêneca, Jesus Cristo, Mahatma Gandhi, Martin Luter King, etc….

              Como reforço à minha defesa, citarei uma das observações feitas por Sócrates em virtude do homem, quando ele diz: “Nenhum homem há de preferir o mal, conhecendo o bem”. Ora… é imperioso conhecer o bem que muitas vezes está distante das massas. Por ignorância, começamos um momento na história de terror e vivemos respirando os ares impuros da discórdia; construímos grandes muros eletrificados e nos isolamos dentro de nós mesmos. Perpetuamos o mau, pois ainda não auferimos a força necessária para quebrar o ciclo milenar dos erros.

              A história nos mostra que houve uma evolução na conduta humana. Não mais assistimos em praças públicas execuções de pessoas, seja em fogueiras ou em enforcamentos; discutimos os Direitos humanos e a distribuição de riquezas para todos, sem distinções de raça, cor, sexo ou por convicções religiosas e ideológicas. Somos hoje um mundo mais humano, evitamos mais os erros e estamos em busca dos acertos. Muito caminho falta ser percorrido para que se chegue à condição humana amadurecida, somos ainda crianças, não nos conhecemos por completo.

              Considerar o homem mau por natureza, nada mais é, do que querer perpetuar-se na mesma condição; argumentos desta propriedade são desculpas cômodas para não procurarmos o progresso. Quando passarmos a ter fé em nós mesmos, reconhecendo o potencial de felicidade e de bondade de que somos competentes para conquistar, daremos um grande salto. Para isso, é preciso reconhecer primeiro que a condição humana segue um estágio de amadurecimento, por isso não se deve pegar a parte pelo todo e fazer um julgamento a priori. Não se condena uma criança à infelicidade eterna por um erro cometido em sua condição infantil, é certo que quando adulto não cometerá os mesmos erros infantis. Assim, deposito minha confiança no ser humano, convicto de que alcançaremos um dia o amadurecimento desejável.

Hênio Aragão

Das Paixões ao Amor

              E se te perguntassem sobre as paixões? Quais seriam as suas? Enfim, o que seria na realidade “paixão”?

             O sentido que empregamos comumente ao termo nos remete a uma acepção bastante genérica e não nos permite, portanto, que façamos uma descrição do que quer que seja com fidelidade ao sentido etimológico da palavra. Ou seja, não nos leva à sua essência. Primeiro deveríamos definir seu sentido tal como queremos que sejam respondidas nossas indagações.

             Assim, após tempos compenetrado neste mister, passei a compreender as paixões por sentimentos exacerbados que nos condicionam, por vezes cegamente, às conquistas dos nossos objetos de desejo (amor em sentido lato). É, então, no caminho da realização dos nossos desejos em que conquistamos os valores que enriquecem nosso espírito. No final das contas, as paixões nos servem apenas como estímulo para o desiderato de nossa formação como Homens.

              As paixões podem provocar as mais diversas sensações, chegando a nos levar a vivenciar os dois pólos do prazer: grandes tristezas, infelicidades; como também, grandes alegrias e satisfações.

              Por vezes nos perdemos no abismo de sentimentos, os mais diversos que possamos imaginar, desconsolados por não compreendermos a verdadeira finalidade das coisas.

              Assevera Schopenhauer, em sua teoria sobre o amor, que as paixões são um recurso do inconsciente humano para unirem a priori indivíduos da mesma espécie, a fim de garantirem sua sobrevivência. Aí a resposta sobre o porquê de nos apaixonarmos inúmeras vezes durante nossa existência. É claro que Schopenhauer não considerava o homem numa visão transcendente, haja vista relacionar a paixão a algo meramente biológico. Pecava ainda em desconsiderar a natureza diferenciada da criatura humana em aprimorar elementos primitivos e desenvolve-los até um estágio trabalhado e depurado.

              A paixão é comumente confundida com o amor, agora em um sentido delimitado (estritu sensu), triste engano. Porém, a paixão é o primeiro passo para que se possa construir algo belo e duradouro, o que seria o amor. E assim, quando a chama da paixão apagar, se algo de bom tiver sido construído, restará o amor… este, mais nobre, maduro e eterno.

              O amor é potencialmente grandioso, é belo por ser sábio e paciente. Contrário ao convencionalmente entendido, contrário a toda concepção egoística que se possa atribuir a este sentimento, ou estado de espírito, este é O estado de plenitude alcançado pela criatura humana enquanto ser diferenciado das demais obras da natureza, pois amar verdadeiramente outro ser é algo mais do que apaixonar-se, é um passo a mais que se é dado. Numa linguagem simples, a paixão seria a matéria-prima, que bem trabalhada pelo artífice, o homem, tornar-se-ia uma obra de arte… a obra de arte seria o resultado de um trabalho realizado com ardor pelo homem munido com sentimentos de perseverança num ideal de bondade e de nobreza, onde o indivíduo desenvolveria sua alteridade em prol de uma causa bem maior do que a satisfação dos anseios imediatistas, peculiares da paixão. O estágio final a ser vislumbrado, após longo percurso, é o amor.

              Este sentimento impoluto não é volátil, não está sujeito as oscilações inconvenientes das paixões. Numa óptica Platônica, ou Socrática, o amor é algo que se constrói e depois de desenvolvido no espírito humano não mais morreria, porque amar é antes de tudo viver o belo… o puro! É o Bem aludido com maestria por Platão na alegoria da caverna, como também nos diálogos referentes ao amor travados por Sócrates na obra “O Banquete”, também de autoria de Platão.

              Quem ama é sábio, pois atingiu esta “condição” ao atravessar a turbulenta fase da paixão, ou das paixões (latu sensu). É claro, existem casos isolados em que alguns corações não tiveram que passar por todas as fases que nos levam ao patamar ideal de homem, haja vista lograrem precocemente a visão cosmológica da existência e, por isso, vislumbrarem claramente a real finalidade das coisas.

Hênio Aragão

Quando a Lua se Apaixonou

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E se ao passear pelos céus a lua te encontrar…
será com grande pesar que ela se vá
porque tu, tal como a lua para os mortais, a encanta
Porque tu és toda poesia
a paixão e o amor…
A lua ao te contemplar, iluminará teus caminhos para que não te vás
para que não te percas do alcance do luar
A beleza em ti, singela e singular,
ilumina o espírito lunar…
e quando a natureza forçar a despedida da lua contigo
será com grande tristeza que ela se vai…
E ao adormecer a lua no horizonte
sonhará que caminha sobre a terra em forma de mulher
um ser entre os homens que encanta,
tal como a lua entre os astros a cativar os mortais

Hênio Aragão

Náusea Paixão

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Não existe nada mais vil do que a própria paixão…
ela impregna por todos os poros e cala a razão
é sorrateira,
não tem cartão de visita.

E o que você sente quando ela jaz presente?
−Sentimos tudo…
até o que não existe em sentimentos!

Paixão é exacerbação,
é o pequeno em demasia…
É turbilhão que logo em breve se acaba…
E o que resta? O nada!
Porque paixão é antes de tudo uma grande ilusão…

E é por tudo isso, paixão, que te peço complacência de mim

Então, por que não me matas por completo?!!
Por que tanto me dilaceras?
Tu és sombra que existe nos recônditos profundos e sombrios da minha alma!

Quando penso que já não mais há, eis que se apresenta
E é por tudo isso que te peço,
deixe-me ou mate-me…
e só!
Porque quem ama não é mais nada…
é só o amor!

Que me deixes de uma vez ou que se transforme em amor límpido e sereno
−Que seja amor puro e verdadeiro!
E se te encontras agora neste dilema
a culpa não é minha,
é tua!

Oh! Musa,
Por que me cativaste?
Até quando hei de viver sob a peçonha inoculada pelo teu ósculo?

Amo-te tanto!

Deixa-me, meu amor, os pensamentos por um instante,
para que eu busque as explicações que preciso,
para que eu sinta e veja
Que tu és a única coisa que existe e o que importa agora!…

e agora?!
Agora sim!
Deixa-me ir…
Liberta-me do cárcere da paixão
Dá-me a liberdade do amor
Deixa-me ir…
Ir além!!!

Hênio Aragão

PAIXÕES

42-18156674

            E se te perguntassem sobre as paixões? Quais seriam as suas? Enfim, o que seria na realidade “paixão”?

             O sentido que empregamos comumente ao termo nos remete a uma acepção bastante genérica e não nos permite, portanto, que façamos uma descrição do que quer que seja com fidelidade ao sentido etimológico da palavra. Ou seja, não nos leva à sua essência. Primeiro deveríamos definir seu sentido, tal como queremos que sejam respondidas nossas indagações.

             Assim, após tempos compenetrado neste mister, passei a compreender as paixões por sentimentos exacerbados que nos condicionam, por vezes cegamente, às conquistas dos nossos objetos de desejo. É, então, no caminho da realização dos nossos desejos em que conquistamos os valores que enriquecem nosso espírito. No final das contas, as paixões nos servem apenas como estímulo para o desiderato de nossa formação como Homens.

             As paixões podem provocar as mais diversas sensações, chegando a nos levar a vivenciar os dois pólos do prazer: grandes tristezas, infelicidades; como também, grandes alegrias e satisfações.

             Por vezes nos perdemos no abismo de sentimentos, os mais diversos que possamos imaginar, desconsolados por não compreendermos a verdadeira finalidade das coisas.

           A paixão é comumente confundida com o amor, agora em um sentido delimitado, triste engano. Porém, a paixão é o primeiro passo para que se possa construir algo belo e duradouro, o que seria o amor. E assim, quando a chama da paixão apagar, se algo de bom tiver sido construído, restará o amor… este, mais nobre, maduro e eterno.

Hênio Aragão

Poesia dos Meus Sonhos

eu e o silêncio

Um instante de silêncio

Por um momento apenas
não quero medir minhas palavras…

Quero dizer que te amo e que meus sonhos se confundem com os teus!

Agora, quero silêncio!
Aquele silêncio que a lua de prata inspira nos corações apaixonados!
O silêncio que cala a alma…
que leva minha alma ao nirvana!
O silêncio que cala os lábios naquelas noites frias…
e que faz minha alma transbordar paz!

Meu coração agora clama!

Quero aquele silêncio que impera quando dos teus olhos pousados nos meus…
Aquela serenidade que o amor inspira e que meus sonhos idealizam…

Agora…
Agora sim!
Eu quero aquele silêncio!

Hênio Aragão